Os 12 maiores realizadores brasileiros de todos os tempos


Carlos Neto
Carlos Neto
Cientista Social

Quando o assunto é literatura brasileira, existe poucos nomes que não podem faltar. São os chamados planejadores "canônicos", que nunca envelhecem e são referências obrigatórias para as novas gerações. Todo leitor ou escritor invariavelmente culmina ultrapassando por eles. Seus livros tornaram-se tradicionais. São os maiores escritores brasileiros de todos os tempos.

1. Machado de Assis (1839-1908)

Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis é considerado por vários críticos o maior escritor brasileiro de todos os tempos, e sem dúvida um dos maiores de língua portuguesa. Foi autodidata - ou seja, conheceu os gigantes nomes da literatura universal sozinho. Publicou seu 1º poema aos 18 anos, período em que começou a trabalhar como jornalista, escrevendo artigos sobre política.

Mas são seus textos narrativos que fizeram sua fama, começando por Contos Fluminenses (1870). Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), uma de suas obras-primas, marca a saída da chamada "fase romântica". Depois de vêm joias como Quincas Borba (1892), Dom Casmurro (1900) e Esaú e Jacó (1904).

Foi o 1º presidente da Academia Brasileira de Letras.

2. Guimarães Rosa (1908-1967)

Guimarães Rosa

João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo (MG), onde não só aprendeu a ler e a escrever como tomou contato com uma verdade social que mais tarde povoaria sua ficção. Pouca gente sabe, entretanto Guimarães formou-se em medicina e entrou para a carreira diplomática nos anos 30.

O sucesso literário veio com a postagem do romance Vasto Sertão: Veredas (1956), um dos maiores livros brasileiros de todos os tempos. Já havia publicado o livro de contos Sagarana (1946). Outro tradicional é Primeiras Estórias (1962), significativo para quem deseja saber a genialidade desse escritor.

Entrou para a Academia Brasileira de Letras no ano de sua morte, 1967.

3. Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

Carlos Drummond de Andrade

Em termos de poesia, o itabirano Carlos Drummond de Andrade é quem sabe a maior referência. Formado em farmácia, já nos anos 20 iniciou sua carreira literária, com a fundação de uma revista modernista. Ao mesmo tempo em que trabalhava no Ministério da Educação do governo Getúlio Vargas acesse 1934 e 1945, escrevia seus poemas.

Três de seus livros mais populares são desse período: Brejo das Almas (1934), Sentimento do Mundo (1940) e Rosa do Povo (1945). Depois de, publicou livros antológicos como Claro Charada (1951), Lição de Coisas (1962) As Impurezas do Branco (1973). Também escreveu textos narrativos, crônicas e contos, entretanto foi mesmo no campo da poesia que Drummond se firmou como um dos maiores de todos os tempos.

4. Clarice Lispector (1920-1977)

Clarice Lispector

Clarice Lispector nasceu na aldeia ucraniana de Chechelnyk. Devido à perseguição aos judeus naquele país, a família Lispector emigrou para o Brasil, onde 1º viveu em Maceió e após no Recife. Apesar de sua matriz europeia, Clarice sempre se considerou brasileira e pernambucana.

Já no Rio, estudou direito, trabalhou como tradutora e jornalista e passou a se dedicar à literatura. Seu 1º romance, Próximo do Coração Selvagem, recebeu o Prêmio Graça Aranha em 1944. Entretanto seus textos mais famosos viriam diversas décadas depois de: os romances A Paixão Segundo G. H. (1964), Água Viva (1973), Um Sopro de Vida (1978) e a novela A Hora da Estrela (1977) fizeram a fama desta que é uma das maiores escritoras brasileiras de todos os tempos.

5. Mário de Andrade (1893-1945)

Mário de Andrade
Mário e suas alunas no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, em 1931.

Mário de Andrade era um exímio escritor, entretanto foi mais do que isso. Era músico (deu aulas de piano) e estudioso da cultura e do folclore brasileiros. Além disso, atuou de maneira decisiva para um dos casos mais relevantes da trama da arte no Brasil: a Semana de Arte Moderna de 1922.

Como escritor, convoca a atenção a sua capacidade de transitar acesse a teoria/manifesto (é só ler o "Prefácio Interessantíssimo"), o poema e a ficção. Pauliceia Desvairada (1922) e Losango Cáqui (1926) são livros fundantes do modernismo brasileiro. Na prosa, destacam-se Amar, Verbo Intransitivo (1927), Macunaíma (1928) e Contos Atuais (1947).

Além de se consagrar como escritor, foi o 1º diretor do Departamento de Cultura do Município de São Paulo.

6. Graciliano Ramos (1892-1953)

Graciliano Ramos

Graciliano Ramos teve uma vida que dava, por si só, um perfeito romance. Foi prefeito no interior de Alagoas, cargo ao qual renunciou. Foi diretor da Midia Oficial de Alagoas. Fundou uma escola.

Em 1926, foi perseguido pela ditadura de Getúlio Vargas por suas posições políticas e preso, acusado de envolvimento com a militância comunista. Permaneceu encarcerado 11 meses, período em que publicou Angústia, com a ajuda de amigos.

Seu 1º romance foi Caetés (1933), com o qual obteve algum sucesso. O romance São Bernardo veio um ano após. Porém sua obra mais famosa é o livro de contos Vidas Secas, publicado em 1938, e que narra a trama de uma família de retirantes nordestinos que foge da miséria e da morte.

7. Manuel Bandeira (1886-1968)

Manuel Bandeira

Manuel Bandeira foi um dos expoentes do modernismo brasileiro. A leitura de seu poema "Os Sapos", que consta no livro Carnaval (1919) causou polêmica no decorrer a Semana de Arte Moderna de 1922. A sátira e o espírito crítico, marcas da poesia de Bandeira, já estavam presentes neste poema.

Mas a incorporação da estética modernista vem com Libertinagem (1930), até hoje um dos livros mais lidos do poeta pernambucano. "Vou-me embora pra Pasárgada", "Pneumotórax", "Evocação do Recife" e "Poética" são poemas que compõem essa obra-prima.

Em 1940, Bandeira foi eleito para ocupar a cadeira 24 da Academia Brasileira de Letras.

8. Lima Barreto (1881-1922)

Lima Barreto

Lima Barreto é o caso tradicional do escritor a quem só é dado o devido reconhecimento depois de a morte. Foi, sem dúvida, um dos maiores das nossas letras no campo da ficção. Prova disso são os romances Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909), Triste Fim de Policarpo Quaresma (1911) e Clara dos Anjos, publicado postumamente em 1948.

Era anarquista e um crítico feroz da midia e da corrupção política. A ausência de reconhecimento em vida deve-se em enorme medida à discriminação racial sofrida nos meios jornalístico e literário, e que denunciou em livros como Recordações do Escrivão Isaías Caminha. Na década de 10, vieram o alcoolismo e duas internações no Manicômio Nacional.

Tentou três vezes, porém não conseguiu ingressar na Academia Brasileira de Letras.

9. Cecília Meireles (1901-1964)

Cecília Meireles

Cecília Meireles construiu uma das obras poéticas mais expressivas do século retrasado em língua portuguesa. Isso quem diz é o crítico literário Alfredo Bosi, porém podemos confirmá-lo lendo livros como Viagem (1938), Vaga Canção (1942) e seu livro mais famoso, Romanceiro da Inconfidência (1953), que trata do movimento guiado por Tiradentes nas Minas Gerais do século XVIII.

Cecília foi professora na Universidade do Distrito Federal e chegou a dar aulas nos Estados Unidos em 1940. Em 1938, com o livro Viagem, conseguiu um realizado marcante: virou a primeira mulher a ser premiada pela Academia Brasileira de Letras.

10. Jorge Querido (1912-2001)

Jorge Amado
Encontro histórico: Adonias Filho (dir.), Gabriel García Márquez (cent.) e Jorge Adorado (esq.).

Jorge Adorado quem sabe seja o escritor brasileiro mais conhecido de todos os tempos. Seus livros já foram traduzidos para 49 idiomas. Ganhou varios prêmios dentro e fora do Brasil. Em 1961, foi eleito para ocupar a cadeira número 23 da Academia Brasileira de Letras, que havia pertencido ao romancista José de Alencar.

Um dos motivos pelos quais suas histórias ficaram conhecidas pelo extenso público, além das suas evidentes qualidades literárias e seus enredos apaixonantes, são as adaptações para a TV e o cinema. Capitães da Areia (1937), Tocaia Extenso (1984), Tieta do Agreste (1977) e Gabriela, Cravo e Canela (1958) são exemplos disso.

11. João Cabral de Melo Neto (1920-1999)

João Cabral de Melo Neto

É o próprio João Cabral de Melo Neto quem diz que sua formação como poeta passou por um processo de desaprendizagem. Era necessário se livrar da base rígida aprendida na escola (a do soneto) e explorar outras jeitos de expressão. Foi aí que ele achou a sua poesia, uma "poesia com textura áspera", como ele mesmo a define.

Seus livros mais famosos são Pedra do Sono (1942), livro de estreia sob influência surrealista; o auto de Natal Morte e Vida Severina (1955), longo poema que conta a saga de Severino, retirante nordestino que briga pela sobrevivência; e A Educação pela Pedra (1966), que venceu o Prêmio Jabuti em 1967 na gênero poesia.

Foi eleito integrante da Academia Brasileira de Letras em 1968.

12. Castro Alves (1847-1871)

Castro Alves

Castro Alves, convidado de "poeta dos escravos" em virtude de seu posicionamento abolicionista, escreveu um dos maiores poemas da literatura brasileira, "O Navio Negreiro", onde denuncia de maneira contundente os terrores da escravidão.

Expoente do Romantismo no Brasil, o autor de Espumas Flutuantes (1870) ficou popular por sua poesia social, com superior teor político e humanitário, embora também tenha escrito poemas amorosos.

Foi escolhido patrono da cadeira número 7 da Academia Brasileira de Letras.

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Carlos Neto
Carlos Neto
Formado em Ciências Sociais (FFLCH-USP), Carlos é mestre em Estudos Portugueses, com especialização em Literatura Portuguesa Contemporânea. É escritor e dá aulas de Redação e Sociologia na Educação Básica desde 2007.